terça-feira, 8 de setembro de 2009

RESENHA: The Resistance - Muse




PRÉ-FACIO
Muse... de novo.
Faz algum tempo que essa banda fabulosa vem tomando o posto de minha banda favorita. E cada disco novo parece ter o dom de me tomar de assalto. Eu descobri o Muse por acaso, numa zapeada na net vi o vídeo de Hysteria... e descobri que essa era uma música do TERCEIRO álbum deles... tive que investigar o resto. Daí me deparei com a homepage www.muse.mu. Qual não é a minha surpresa quando descobri que eles postavam todos os albuns deles pra ouvir de graça na homepage oficial?! Surpreso e tomado de assalto, passei horas ouvindo todos os três discos deles no site (Showbiz, Origin of Simmetry e Absolution). Virei fã confesso, baixei tudo que podia deles... descobri a américa.
Mas daí veio um Buraco negro...
Black Holes and Revelations foi o primeiro lançamento do Muse que eu acompanhei, digamos, ao vivo. A expectativa, as músicas que iam surgindo. Logo eu virei mais fã ainda, ao experimentar as ousadias de uma banda que cada vez mais se livrava do esteriótipo de "Radiohead menor" que eles pareciam ter. E o que dizer de Knights of Cydonia? Eu nunca esperava que essa banda pudesse compor um épico aos moldes de bandas como Queen... eu falei do Queen?
Bem...
Daí surgiu o show. Eu me aprontei, paguei caro, e fui me entregar de corpo e alma para aqueles três rapazes da pequena Teignmouth... foi fantástico, catártico. Eu sabia todas as letras de cor, cantei a plenos pulmões, me esbaldei.
O Muse já era a essa altura a trilha sonora do meu relacionamento (que se mantém forte e saudável!), dos meus momentos de fúria, de alegria...
E daí... veio a Revolução...

THE RESISTANCE

Eu achei realmente que o lançamento mais esperado do ano fosse o novo álbum da minha banda preferida. Mas eis que outros ingleses tomaram esse lugar. Pra quem acompanha fóruns e principamente comunidades no Orkut, nada se compara a expectativa gerada em torno desse novo trabalho. Cada novo disco fake, cada sonzinho que surgia, nem que fossem trechos de 20, 30 segundos... foi uma agonia...
Mas, eis que habemus The Resistance.
Meu, como é possível? Eles fizeram um disco melhor. Maior. Gigantesco.
É isso... o Muse definitivamente se tornou uma banda gigante. Já pode figurar ao lado não apenas de Radiohead, mas de U2, Coldplay e outras grandes bandas... o único detalhe é que, agora, o Muse já é a melhor delas.
Uprising... que música pra iniciar um álbum. A levada de baixo característica está lá, a guitarra solando, a voz carregada... mas há algo além. A herança eletrônica de Black Holes and Revelations, moldando um single fantástico, digno de figurar tanto nas grandes FMs e MTVs da vida como nas cabeças dos culturetes indies. E o que dizer do sinteizador nostálgico, a lá Theremin? Musicão, que inaugura todo o clima apoteótico do álbum. A Resistência começa com o clamor "they will not control us". Teoria da conspiração na veia...
Daí vem The resistance. Outra paulada, eu tinha ouvido pela primeira vez anteontem e já me apaixonado. Outra música forte, que facilmente pode ser single. A introdução parece coisa de cinema, com piano e tal. E o que falar do trabalho de bateria do Dominic Howard? Ela é metade da música. Tem boa parte da música que é só a voz do Matt Bellamy e a bateria, com alguns sonzinhos ao fundo. E além do piano, muito bem encaixado. Parece trilha sonora dealguma coisa... não tenho o que falar dessa música, foda demais. Parece que, já com duas músicas, teremos um disco nota 11...
Daí vem Undisclosed Desires e a casa cai. O que era um disco excepcional vira uma obra prima. Meu, essa música é fora do comum... toda vez que eu ouço (e eu ouvi umas cinco vezes seguidas) ela parece mais e mais forte. A música eletrônica toma conta do som do Muse, mas sem perder a cara de som do Muse. Essa música podia tanto tocar numa balada eletrônica, numa balada rock, quanto ser ouvida em casa, no sossego. É candidata a melhor do álbum, mesmo antes de eu ouvi-lo todo.
United States of Eurasia foi a primeira música que vazou. Já era velha conhecida, e eu acho que saiu primeiro para apresentar aos fãs como seria o som do Muse com uma orquestra. Peraí... UMA ORQUESTRA? O que é essa música!? A comparação com o Queen é válida, mas antes de tudo é um hino do Muse. Ela vem calcada na esteira do que eles já haviam tentado em Knights of Cydonia, e agora atinge níveis realmente épicos. A ascenção da música é maravilhosa, e o piano dá um tom todo especial. Meu, o piano manda nesse disco, tanto que há a Collateral Damage emendada na música... Quer coisa mais classuda que encerrar a música com uma sonata inspirada em Nocturne In E-Flat Major, Op.9 No.2, de Frédéric Chopin (valeu por me lembrar qual era a música, wikipedia)?
Daí vem as até então "desconhecidas" do álbum. E ele fica cada vez melhor, acredite se quiser. Guiding light é MARAVILHOSA. A marcação da bateria durante toda a música cria um clima pra voz do Matt que... meu... é um tesão o som que o Muse tá fazendo. O solo de guitarra é de emocionar, mesmo... só ouvindo pra descrever. Mais uma que facilmente podia se tornar um single... E como o Matt tá cantando! Que PUTA voz!
E o que é uma música, assim, que seja digna de um adjetivo como... espetacular?
Unnatural Selection pode ser... no começo você não parece dar nada, com aquele orgãozinho bem simples e a voz mais baixa, como numa gravação ruim... mas de repente... Surge o Muse guitarreiro! Aquele que nos fez há tempos nos apaixonar pela banda. Mas com um refrão... o que é esse refrão? Meu, que achado. Espetacular! Mesmo fazendo o seu som mais típico, o Muse dá show. E essa música só nos faz perceber que eles sempre foram fodas desse jeito... só melhoraram com a idade.
Ah! Tem a paradinha... hehehe, tava ouvindo agora e nem me lembrava disso. É algo bem arrastado, que me lembrou algo dos anos 70, tipo Black Sabbath misturado com Pink Floyd e um pouco de Blues... e que solo animal... E quando vc acha que a música acabou, eles me vem com a paulada do refrão de novo! Nossa, é muito foda ter a oportunidade de ouvir um disco assim tão bem feito nos dias de hj, realmente me faz crer que o rock não morreu.
E, tentando soar épico, o Muse vem com a doida da MK Ultra (MK de que? Mortal Kombat?).Tão boa como as outras, com um clima meio pesado, doida mesmo, voltando à levada apoteótica que eu falei no começo. Parece um filhote pós-moderno do rock progressivo (exagerei agora né?), ou até do art-rock! A música não parece querer seguir uma linha interna tão coerente, e isso é o que faz dela uma baita música. É um novo estágio no som do Muse. A essa altura o disco, independente se as próximas 4 músicas fossem cantadas pela Joelma do Calypso, já tinha minha nota 10.
Daí vem I belong to you. Para equilirar o climão de Unnatural Selection e MK Ultra. Tem uma levada, assim, meio, sei lá... parece soul, mas não é. Parece também jazz, influência clássica do Muse, mas também não é. E daí emenda com a Maravilhosa Mon coeur s'ouvre a voix, que é inspirada pela ópera Samson et Dalila de Camille Saint-Saëns, um compositor maravilhoso. A original, foi cantada por gente da categoria de Maria Callas. E o Muse vai buscar uma maravilha dessas para por no seu álbum. O Matt dá show, de novo, agora junto da orquestra, transformando uma música bonitinha numa coisa linda demais. E tem solo de clarineta!!! Eu adoro sopros!!! Meu, que doidera, eles são realmente fodas.
E esse foi o The Resistance. Porque nesse momento começa outra coisa. Exogenesis, a mais ousada investida musical do Muse. E eles se sairam muito bem. A peça é dividida em três partes, com um climão de encerramento de álbum bem mais épico do que eu mesmo esperava, mesmo tendo ouvido 30 seg. de cada uma. A introdução da Exogenesis é muito, por assim dizer... cinematográfica. E o legal é que o Muse vai aos poucos entrando na canção, com o surgimento da bateria, da voz do Matt, da eletrônica. Tudo acompanhando a belíssima linha melõdica iniciada pela orquestra, até a entrada da guitarra, totalmente Pink Floydiana!!! Eu não sei quanto avcs, mas aquela distorção me levou até a década de 60, mesmo eu infelizmente não tendo a vivido!
A parte II... bem... um "monstro sinfônico", para utilizar as palavras do Dominic... hehehe. Linda, lenta no começo com o piano sobressaindo e as cordas mais baixas, e depois pega na veia emendando com o próprio som mais rock do Muse. MARAVILHOSA.
E, caramba... vem a terceira parte. Que encerramento para o disco! Ela acalma a tensão da faixa anterior - como o próprio nome Redemption sugere -, e é muito mais que uma música de uma banda de rock, é uma verdadeira sinfonia, como eles se propuseram a fazer. A melodia é lindíssima, a voz do Matt está perfeita, não há instrumento fora do lugar. A missão está cumprida. So acho que essa música podia ser maior, tipo num segundo disco. Já não tem porque, ousados que são, o Muse não arriscar fazer um disco duplo. Acho que com mais tempo para se desenvolver, o que já é sublime ficaria perfeito. Mas isso, com certeza, não é algo que diminua o valor do disco. Poxa, faz tempo que eu não tenho vontade de comprar um disco original de uma banda só por causa de seu conteúdo. A última vez... bem, há muito tempo eu só compro discos originais do Depeche Mode. Sou pobre, fazer o quê? Gostaria de ter tudo em suas mídias físicas, mas não dá. Minha próxima aquisição seria o novo disco da minha banda favorita, mas não sei se não vou escolher comprar o novíssimo disco da minha mais nova banda favorita.
Obrigado Muse!

The Resistance, Muse: 2009. Nota 10!!!!

PÓS-FÁCIO: Diversos links do The Resistance pra baixar: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=6244330&tid=5313010536706501042&na=2&nst=29